Postmodern Gothic: parodying gothic fiction in Adele Griffin’s Tighter, Daniel Levine’s Hyde, And Jeanette Winterson’s Frankissstein: a love story

Tese de Doutorado
por maiza.pereira
Publicado: 05/08/2021 - 13:30
Última modificação: 23/08/2021 - 14:50

RESUMO

À luz da leitura crítica dos romances Tighter, de Adele Griffin, Hyde, de Daniel Levine, e Frankissstein: A Love Story, de Jeanette Winterson, esta tese afirma que o gótico pós-moderno é uma prática de reelaboração paródica pós-moderna do gênero gótico. Tendo como pressupostos fundamentais as abordagens teóricas sobre o gótico, a paródia e o pós-modernismo sintetizadas nas obras de Botting (1996), França (2017), Hutcheon (2002, 2004, 2010, 2013) e Punter (1996a, 1996b), romances góticos pós-modernos como os examinados neste trabalho serão definidos como “textworks” ficcionais nos quais as dimensões formal, pragmática e discursiva da paródia se fundem para dar origem a revisões complexas e sofisticadas do passado literário e cultural. Por meio dessa prática, certos romances e novelas pertencentes à tradição do gótico — respectivamente, The Turn of the Screw, de Henry James, The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson, e Frankenstein, or The Modern Prometheus, de Mary Shelley —, bem como as convenções narrativas da ficção gótica — o locus horribilis, a presença fantasmagórica do passado e/ou o monstro — são paradoxalmente repetidos com diferença, de modo a enfatizar um típico jogo pós-moderno de inversão irônica e/ou transcontextualização paródica. Esta tese argumenta que tal estratégia metaficcional é paradoxalmente empregada com vias à revisão crítica, a partir de uma distância ex-cêntrica, de pressupostos ideológicos latentes que informam os textos-alvo. Por meio dessa estratégia, os textos góticos paródicos chamam atenção para a contínua centralidade de suposições ideológicas na estruturação das culturas e ansiedades do século vinte e um, enquanto, paradoxalmente, instauram o aspecto formalmente paródico no mundo das relações socioculturais por meio da atenção dada às condições contextuais de produção textual. Em Tighter, de Adele Griffin, as semelhanças e distinções formais entre o texto paródico e o parodiado serão examinadas com particular atenção dada à inversão lúdica e irônica das convenções do locus horribilis e do retorno sobrenatural do passado em relação a The Turn of the Screw. A gama pragmática de intenção paródica exibida em Tighter será também discutida em termos da transgressão das estratégias estilísticas que contribuem para os famosos efeitos de ambiguidade do texto-alvo. A paródia também será sugerida como o meio paradoxal pelo qual Griffin focaliza uma série de suposições ideológicas relacionados à família, cuidadosamente ocultadas em The Turn of the Screw, para subsequentemente transformá-las na história principal de seu romance pós-moderno. Em relação a Hyde, de Daniel Levine, serão discutidos os modos como a convenção gótica do 8 Doppelgänger é instalada e subvertida para dar forma à irônica inversão pós-moderna de The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde. Essa estratégia metaficcional, que exige envolvimento contínuo do leitor para ser atualizada, é paradoxalmente concebida como um instrumento discursivo para revisar e criticar a partir de uma distância ex-cêntrica uma série de pressupostos ideológicos latentes que informam o texto-alvo, incluindo a monstruosidade de Edward Hyde, a reivindicação de verdades fundamentais, o problema da identidade como uma construção fragmentada e a perseguição homofóbica. Em relação a Frankissstein: A Love Story, de Jeanette Winterson, observaremos como as convenções góticas da presença fantasmagórica do passado, do locus horribilis e do monstro são usados e abusados para dar forma à irônica inversão de Frankenstein. Tal estratégia metaficcional é paradoxalmente concebida como um instrumento discursivo para revisar e criticar a partir de uma distância ex-cêntrica vários pressupostos ideológicos latentes que informam o texto-alvo, incluindo a formação da tradição gótica, políticas sexuais e de gênero, a história como discurso, o futuro da ciência à luz do pós-humanismo e a feitura da monstruosidade. Esses problemas, que estão aninhados tanto na ficção gótica quanto na tradição ocidental do humanismo liberal como um todo, são examinados criticamente, enquanto o “textwork” paródico revela sua permanência como fonte de ansiedade cultural contemporânea. Por tudo isso, todos os três romances em apreço se qualificam como romances góticos pós-moderno nos termos que compõem nossa hipótese. Esta tese será defendida com recurso aos estudos de Allan Lloyd Smith (1996), Allué (1999), Andrew Smith (2013), Barthes (1977), Beville (2009), Botting (1996, 2002, 2008), Castle (1995), França (2017), Genette (1997), Heyler (2006), Hutcheon (2002, 2004, 2010, 2013), Huyssen (1986), Jameson (1991), Kristeva (1980), Lévy (2004), Nash (2004), Punter (1996a, 1996b), Punter and Byron (2007), Sedgwick (1986), Stamenkovic (2016) e Truffin (2009).

PALAVRAS-CHAVE: gótico; pós-modernismo; paródia

A defesa será realizada por videoconferência, no endereço https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/fernanda-aquino-sylvestre

Coorientador: Dale Knickerbocker - East Carolina University / ECU
Claudia Fernanda de Campos Mauro - UNESP - Araraquara (Suplente Externo)
Data e Horário: 
30/08/2021 - 09:00
Av. João Naves de Ávila, 2121
Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
38408-100
Campus Santa Mônica - Bloco G - Sala 250
Referências: 
Em frente ao Centro de Convivência do Campus Santa Mônica