Memória e Ancestralidade: as vozes na "escrevivência" de Conceição Evaristo e Eliane Potiguara

Dissertação de Mestrado
por maiza.pereira
Publicado: 27/01/2022 - 12:03
Última modificação: 27/01/2022 - 22:51

RESUMO

O objetivo deste trabalho é investigar de que forma a memória, a ancestralidade, e a escrita de si estão experimentadas na obra Metade Cara, Metade Máscara, de Eliane Potiguara; e Poemas de Recordação e outros movimentos, de Conceição Evaristo, e como a violência está imbrincada como categoria de silenciamento. As vozes dessas duas mulheres recriam um dos aspectos da visão de mundo das escritas negra e indígena – a ancestralidade. Nosso interesse principal em analisar as obras voltou-se para dois aspectos. O primeiro, foi a análise das imagens poéticas construídas. A ancestralidade, esse traço invisível, que perpassa gerações, ancora as poéticas; a subjetividade é elaborada na escrita de si, nas “escrevivências”, material poético utilizado por ambas. Outro aspecto englobado foi como essas literaturas contemporâneas dialogam com seus grupos étnicos e a importância de se estudar a colonialidade do poder e a decolonialidade para melhor entendimento dessas literaturas. Percebe-se uma cosmovisão étnica em que as escritoras inserem-se no universo literário com um aguçado e terno olhar feminino em torno de questões como: violência, racismo, subalternização e engendram uma forma de resistência – a escrita literária. Potiguara e Evaristo intentam denunciar a prática de exclusão, infiltrada no cotidiano, na situação de dominação vivenciada pelos negros e indígenas. A proposta de leitura dá-se a partir de um corpus teórico sobre memória, ancestralidade, bem como performance, decolonialidade e representatividades negra e indígena, uma vez que estes elementos compõem a vivência dessas mulheres na construção de suas subjetividades. Para acompanhar a evolução do tema, serão utilizados autores e autoras com reconhecidas contribuições ao estudo de personagens e performance como Cândido, Silva, Zumthor, dentre outros trabalhos acadêmicos que versam sobre a temática da memória e identidade como Selligmann-Silva e Maluf, autores que discorrem sobre (de)colonialidade como Mignolo e Quijano, sobre a representatividade indígena como em Graúna, Kambeba e Krenak, entre outros. Há um macrocenário de manifestações literárias na contemporaneidade em que as escritas negra e indígena surgem como um legado da multiplicidade da cultura brasileira e busca, nessa pluralidade, fazer parte do corredor cultural tão restrito ao cânone, em múltiplas exclusões. Compreender os papeis de enunciação das mulheres negra e indígena no contexto literário atual implica olhar para as literaturas dessas mulheres sem o estigma de cor e etnia e sem a tentativa de estabelecer um padrão de leitura/interpretação.

PALAVRAS-CHAVE: literatura indígena; literatura negra; memória; ancestralidade.

A defesa será realizada  por videoconferência, no endereço a ser informado. 

Banca Examinadora: 
Carlos Augusto de Melo - ILEEL-UFU, Orientador (Presidente)
Marisa Martins Gama-Khalil - ILEEL-UFU (suplente interno)
Luciana Borges - UFG - Cat (suplente externo)
Data e Horário: 
18/02/2022 - 14:00
Av. João Naves de Ávila, 2121 Campus Santa Mônica
Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
38408-100
Campus Santa Mônica - Bloco G - Sala 250
Complemento: 
Campus Santa Mônica