Orides Fontela: A delicadeza como possibilidade de leitura
Publicado: 22/04/2022 - 17:59
Última modificação: 22/04/2022 - 18:01
RESUMO
O caminho para a leitura da obra da poeta Orides Fontela a partir da delicadeza ancora-se na experiência de leitura que gera incômodo e dificuldade em fechar uma interpretação do poema. Essa sensação é gerada pela estrutura curta do poema, a rapidez da leitura, os versos herméticos e concisos, o silêncio da folha em branco, a crueza das palavras tomadas em seu momento de emergência e a sutilidade da composição que faz com que os sentidos quase escapem. Portanto, o termo ‘delicadeza’ é tomado em uma referência diferente do entendimento popular, que a aproxima de termos como fragilidade, beleza. Ela emerge como um elemento de força, que destaca as partes do poema, que através do quase desaparecimento instiga o leitor a tapar os buracos e tecer elos possíveis. O movimento acontece em duas direções que se complementam: de um lado o poema, que lança luz às palavras, revelando-as em sua densidade e multiplicidade, do outro, o leitor atento, de carne e osso, com um passado, um presente e uma projeção de futuro, que sente vibrar em seu corpo os desdobramentos da sua leitura poética. Olhar o poema através das faltas, da palavra que se destaca, das referências, do modo de leitura, do silêncio, da sutileza, daquilo que mal se vê é destacar suas singularidades e escavar seus vazios. Os textos dos autores Roland Barthes (O neutro), Gaston Bachelard (A água e os sonhos), Gustavo de castro (O enigma Orides), Ítalo Calvino (Seis propostas para o próximo milênio), Denilson Lopes (Figuras e gestos da delicadeza), Paul Zumthor (Performance, recepção, leitura.) juntamente com as leituras de teses, dissertações, artigos, documentários, matérias de jornais etc, que retomam a obra da poeta e que, de maneira direta e indireta, discorrem sobre temas que estabelecem aproximações possíveis sobre a delicadeza enquanto recurso de leitura, formam o fio teórico no qual a pesquisa se sustenta-se. Alguns poemas de Carlos Drummond de Andrade, Henriqueta Lisboa, Cruz e Sousa, Oswald de Andrade, Roseana Murray e Manoel de Barros somam-se aos poemas oridianos para estabelecer análises e comparações.
Palavras-chave: poesia, delicadeza, leitura, experiência, Orides Fontela.
A defesa será realizada por videoconferência, em endereço a ser informado.