A feiticeira Maria de Freitas em A estranha nação de Rafael Mendes, de Moacyr Scliar
Publicado: 02/03/2023 - 13:41
Última modificação: 02/03/2023 - 13:41
RESUMO
As feiticeiras são estigmatizadas no imaginário coletivo como seres maléficos que possuem
intimidade com demônios. Temidas, são praticamente apagadas da história oficial, cabendo à
literatura trazer à luz essas personagens que revelam o cotidiano do Brasil colonial: mulheres
que foram acusadas, presas e condenadas pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição. A
feiticeira, durante centenas de anos, foi um dos médicos que o povo conhecia, e representava o
medo do desconhecido e a perpetuação do paganismo. Milhares de mulheres consideradas
praticantes de magia ou mesmo cristãs-novas foram queimadas nas fogueiras “santas”, em
Portugal e no Brasil, entre os séculos XVI e XVIII. Nesse contexto de caça às bruxas, é
analisada a personagem Maria de Freitas, da obra literária A estranha nação de Rafael Mendes
(1983), de Moacyr Scliar. Em torno dessa personagem, apelidada jocosamente de Maria-Arde lhe-o-Rabo e considerada herege, há todo um imaginário acerca da mulher como um dos
agentes de Satã, se interligando às práticas de bruxaria tão comuns no Brasil Colônia. Tais
práticas também conferiam a essas mulheres um lugar de destaque dentro da sociedade que ali
se formava, além de lhes garantir os meios para seu sustento material. As reflexões desta
dissertação de Mestrado estão ancoradas nos estudos de Anita Novinsky (2007), Laura de Mello
e Souza (1986), Jules Michelet (1992), Ronaldo Vainfas (2010), Berta Waldman (2003), Kênia
Pereira (2018), dentre outros, demonstrando a atualidade e a riqueza da produção scliariana.
Palavras-chave: Bruxas; Brasil Colônia; Moacyr Scliar; Feminin
A defesa será realizada por videoconferência, no endereço eletrônico https://meet.google.com/heo-iovt-ypx