Tudo é e não é: poder e ironia no sertão rosiano
Publicado: 08/05/2023 - 14:29
Última modificação: 10/05/2023 - 09:49
RESUMO
Este trabalho apresenta a pesquisa de doutorado intitulada Tudo é e não é: poder e ironia no sertão rosiano. O objeto de análise corresponde o estudo da narrativa “Buriti”, que faz parte do conjunto de novelas de Corpo de Baile, de João Guimarães Rosa, publicada em 1956. Tem-se como objetivo mostrar as várias facetas do poder que perpassam as relações pessoais instituídas entre os moradores da fazenda Buriti Bom e os sertanejos daquele local, além de evidenciar que, por meio de uma ironia refinada, Guimarães Rosa elabora cenas da vida cotidiana sertaneja. Com isso, o problema de pesquisa se constituiu a partir das seguintes perguntas: considerando que, na contramão de estruturas de poder e opressão, Guimarães Rosa dá voz a sujeitos subalternos silenciados, de que maneira as relações de poder e ironia aparecem em “Buriti”? Ao inserir diferentes vozes em seus textos, o autor denuncia preconceitos, mal-entendidos e julgamentos apressados no contexto dessa narrativa? Para responder a tais questionamentos, recorreu-se a uma pesquisa de natureza crítico-bibliográfica e aplicou-se o método hipotético-dedutivo, com fundamento em “Buriti” e fortuna crítica sobre a narrativa. Para se compreender o conceito de poder/relações de poder, foram analisadas as proposições teórico-críticas elaboradas por Michel Foucault, constantes nas obras História da Sexualidade I (1988), Microfísica do poder (1979) e A ordem do discurso (2005), além de uma leitura sobre as reflexões de Pierre Bourdieu, em O Poder Simbólico (1998), dentre outros. A partir disso, as reflexões sobre o conceito de ironia ocorreram mediante a realização de um percurso histórico/crítico/literário com base nos livros: A ironia e o irônico (1995), de Douglas Colin Muecke; O dialeto dos fragmentos (1997), de Friedrich Schlegel; Teoria e política da ironia (2000), de Linda Hutcheon; Problemas da Poética de Dostoievski (1981), de Mikhail Bakhtin, além da tese intitulada Machado de Assis e a Ironia: estilo e visão de mundo (2006), de Andrea Czarnobay Perrot. Instigada por essas inquietações de leitura, a hipótese desta pesquisa é a de que, em “Buriti”, a ironia pode ser encontrada nas relações de poder, nas linhas da resistência, na subjetividade dos sujeitos e em seu processo criador. Conclui-se que no sertão rosiano, o “é” não é oposto ao que “não é”; um não implica o apagamento do outro, e sim a explicitação da crítica via sujeito em uma atitude contestadora: irônica.
Palavras-chave: ironia; relações de poder; Buriti; Guimarães Rosa.
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