O cordel em geopoesia centroestina: entradas e versos de Paulo Nunes Batista
Publicado: 20/03/2024 - 07:52
Última modificação: 20/03/2024 - 07:52
RESUMO
A presente tese tem como objetivo desbravar algumas nuances da poesia de cordel do Cerrado, feita em Goiás. Para tanto, à luz do campo teórico da geopoesia, percorreu-se os caminhos da busca pela literatura que, em grande parte, não integra os gabinetes hegemônicos – a literatura goiana – afunilando para a vertente denominada literatura popular. A primeira pergunta motivadora foi: existe literatura de cordel feita em Goiás? E perante a positividade da resposta, vislumbrou-se compreender melhor esse cordel centroestino, suas origens e características. Com este foco e percorridos alguns caminhos iniciais de busca bibliográfica, chegou-se ao nome do escritor Paulo Nunes Batista, o qual surgiu com grandes indícios de ter sido ele um dos maiores (senão o maior) poetas populares a produzir literatura de cordel em solo goiano. Aprofundadas as pesquisas, confirmou-se o indicativo de que haveria um grande legado desse escritor nascido na Paraíba e migrado para Goiás em meados da década de 1940, cuja dedicação à literatura popular e erudita ultrapassou a marca de seis décadas, tendo vivido exclusivamente da renda obtida pela venda de folhetos de cordel entre as décadas de 1950 e 1960, na capital e em algumas cidades interioranas do estado goiano, fatores que instigaram os questionamentos sobre onde se encontraria toda essa obra cordelística e o porquê de não haver divulgação dela nos espaços de circulação literária estaduais. A partir dessas inquietações, o intuito foi o de acessar o acervo existente e para tal foi realizado um caminho geopoético: ir em busca do que estava até então escondido em Anápolis, cidade que foi a morada do geopoeta até o seu falecimento, ocorrido no final do ano de 2019. Acessada parte do acervo, a pesquisa desdobrouse para selecionar, dentre os tão valiosos arquivos, o corpus para o estudo em voga, o qual se constituiu principalmente de cordéis em ABC, especialidade de Paulo Nunes Batista, nos quais ele versou sobre as goiani(ci)dades com o olhar do flâneur benjaminiano. Além dos cordéis, foram analisados também, com amparo na crítica genética, manuscritos que revelam parte do itinerário de criação do cordelista, que compôs cordéis no método do improviso, oriundo da sua vertente de repentista, mas não só, tendo sido um exímio pesquisador que escreveu cordéis temáticos a partir de listas e mais listas de nomes e dados colhidos nas fontes disponíveis à época, tendo como fonte de preferência o diálogo com as pessoas. Conhecer o outro, dar nome aos esquecidos e aos anônimos sertanejos, vivenciar com todos os sentidos as viagens e as experiências geopoéticas, corresponder-se com os grandes escritores e artistas brasileiros por meio da sua poesia, militar pela preservação da tradição herdada dos seus ancestrais repentistas, cantadores e cordelistas, exercer a crítica literária e jornalística de forma fiel aos seus ideais - doesse a quem doesse -, levar versos populares aos espaços de erudição: essas foram algumas das características constitutivas do perfil aqui traçado de Paulo Nunes Batista, um escritor que dialogou e transitou literariamente pelas diversas esferas culturais, com ilimitado talento e versatilidade poética e prosaica. O corpus analisado é parte de um riquíssimo material historiográfico da cultura goiana e este trabalho visa elucidar pontos que, não tendo sido registrados nos meios padronizados de se contar a história, foram registrados a partir do olhar e do canto poético do geopoeta-cordelista paraibano-goiano, um exímio lavrador de palavras.
PALAVRAS-CHAVE: Geopoesia, literatura de cordel, Goiás, Paulo Nunes Batista.
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