Prometeu e Homero manejados - via dialogismo e sátira - n'A Semana de Machado de Assis
Publicado: 14/08/2024 - 09:33
Última modificação: 14/08/2024 - 09:44
RESUMO
Competência crítica e amadurecimento também são resultantes da experiência de se enxergar algo de longe no tempo e no espaço, porque afastamento permite percepção em um contexto maior, amplia a sensibilidade do olhar. Consciente de seu chão histórico, pavimentado pelos influxos de uma tradição europeia, Machado de Assis, na persona do cronista de “A Semana” (1892-1897), reconheceu as vantagens de situar-se como um observador que lança um olhar sobre a tradição universal, reconhece o seu valor, apropria-se de seus elementos, realoca-os em seus textos e os maneja conforme seus interesses de produção e de discurso. Nessa perspectiva, este estudo concentra-se na análise de quatro crônicas do autor produzidas para a coluna “A Semana” (1892-1897) com a finalidade de observar nesses textos a presença de personagens e passagens da epopeia Ilíada de Homero e da tragédia Prometeu Acorrentado de Ésquilo, operados, conforme defendemos, pela via da sátira – contraída e adaptada da tradição luciânica – em uma abordagem polifônica e dialógica a partir de Mikhail Bakhtin. Logo, a hipótese deste estudo é a de que as vozes provenientes dessas obras clássicas, em contato com temas brasileiros presentes nessas crônicas, permitam-nos entrever posicionamentos reflexivos ou críticos do cronista acerca do Brasil de seu tempo, sobretudo, do período que marca a ascensão da incipiente República Brasileira.
Palavras-chave: Machado de Assis; crônicas; A Semana; Prometeu Acorrentado; Ilíada; polifonia; dialogismo; tradição luciânica; Brasil republicano.