A questão do ensaio como gênero literário vem de longa data. As definições são várias, posto que para muitos críticos, o ensaio é um gênero que tangencia as fronteiras do estético com o científico. O ensaio no contexto do romantismo precoce na América Latina foi cultivado pelos autores em várias formas, como o tratado, memória, discurso, artigo de jornal, prefácio, autobiografia, biografia, etc. Este conjunto muito heterogêneo obriga-nos a lidar com questões ainda não resolvidas pelos críticos. No entanto, na América hispânica decretou seu nascimento com os grandes mestres da modernidade intelectual: José Martí, Domingo Faustino Sarmiento, José Enrique Rodó, Ángel Rama, Alfonso Reyes, Octavio Paz, Leopoldo Zea, entre outros. No Brasil temos vários exemplos, entre os quais se destacam Manuel Bonfim, Joaquim Nabuco, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Darcy Ribeiro, Antonio Candido, Silviano Santiago, entre outros. Este projeto pretende ser uma investigação sobre o gênero ensaístico a partir da perspectiva ibero-americana, isto é, dos diálogos culturais na América Latina, em especial entre os séculos XIX e XX. No momento atual de intensificação dos contatos políticos, económicos e culturais no contexto ibérico e ibero-americano, afigura-se da maior pertinência a revisitação crítica da história destes diálogos, principalmente desde que se inscreveram no panorama moderno de diversas nacionalidades já constituídas ou emergentes. Ao mesmo tempo, importará conjugar este olhar diacrónico com uma atenção particular aos espaços geográficos e simbólicos do universo ibérico e ibero-americano, e às suas permeáveis fronteiras.
Temas para Orientação: Literaturas Espanhola e Hispano-americana; Literatura e Fotografia, O ensaio, Literatura e cultura Judaica, Literaturas afro-brasileira e afro-hispânica.