Corpos e vozes de matripotência: a palavra cantada por Anicide Toledo do Batuque de Umbigada de Capivari-SP na cosmopercepção do mulherismo africana
Publicado: 23/08/2021 - 15:36
Última modificação: 17/09/2021 - 21:35
RESUMO
O trabalho de pesquisa em tela busca delinear um lugar de reexistência para a obra poética da mestra negra Anicide Toledo, cantora e compositora da manifestação cultural bantu conhecida por batuque de umbigada, tambu ou caiumba, presente em municípios do interior paulista como Piracicaba, Barueri, Rio Claro, Tietê e Capivari. Nascida e criada na última cidade, Anicide remodela a tradição batuqueira ao ser a primeira mulher a cantar e compor modas do batuque, numa época em que o espaço ocupado pelas batuqueiras na manifestação era somente o da dança. A partir de uma perspectiva afrocentrada (cf. ASANTE, 2009), a tese procura analisar o contexto no qual se insere o batuque de umbigada – entendido como um ‘encontro celebrativo ancestral’ – passa pela compreensão das simbologias do umbigo, caminha em direção ao lugar ocupado por homens e mulheres na manifestação até focar no corpo-documento (cf. NASCIMENTO, 1989), na voz e na palavra cantada por Anicide Toledo. Ao destacar a atuação da mestra, procura-se entender como se evidencia a matripotência no batuque de umbigada paulista, imbricada ao fazer comunitário bantu reterritorializado em solo brasileiro por africanas e africanos transmigrados. Tecendo conceitos de percepções pan-africanistas, articulamo-nos à proposta teórica do Mulherismo Africana, noção apresentada pela professora afro-americana Clenora Hudson-Weems (2020) para contestar as concepções de gênero ocidentais. Também é apresentado um cancioneiro com aproximadamente 70 modas feitas pela mestra Anicide ao longo de mais de meio século de experiência no batuque e uma série de partituras das canções. O bojo teórico orientador das discussões encontra seu principal sul nas obras de Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí, Bunseki Fu-Kiau, Cheikh Anta Diop, Maria Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, entre outros articuladores e articuladoras, trazendo à tona cosmogonias africanas, traçando linhas e formas de dizer decoloniais.
Palavras-chave: Anicide Toledo, Batuque de Umbigada, palavra cantada, matripotência, Mulherismo Africana.
A defesa será realizada por videoconferência, no endereço https://conferenciaweb.rnp.br/spaces/qualificacoes-e-defesas-prof-ivan