Do corpo ao texto: a indissolubilidade entre a experiência estética e erótica em narrativas de Sérgio Sant'anna
Publicado: 17/10/2024 - 15:50
Última modificação: 17/10/2024 - 15:51
RESUMO
No cenário da Literatura Brasileira Contemporânea, Sérgio Sant’Anna é um autor que se destaca por sua inventividade no trato com a escrita, principalmente no que diz respeito ao experimentalismo formal. Sua ficção ilustra bem um tipo de arte inquieta, mutante, que absorve e filtra signos e códigos provenientes de outras instâncias, para se ressignificar constantemente. Entre os campos de força de sua literatura, esta pesquisa se concentra em duas veias obsessivas que atravessam os seus textos: a expressiva carga erótica e o consumo exacerbado de outras artes. Sendo assim, o presente trabalho consiste em investigar a indissolubilidade entre a experiência estética e erótica na ficção de Sérgio Sant’Anna, buscando identificar em que medida sua escrita atesta a inseparabilidade entre as “possibilidades” do texto e do corpo. Para tanto, apropriamo-nos da obra O livro de Praga: narrativas de amor e arte (2011), a fim de avaliar como essas duas obsessões se conectam e favorecem a produção de uma ficção regida pela exorbitância do corpo. Como o seu narrador, um artista-escritor, não só flerta com vários objetos artísticos, mas coloca o seu corpo para “jogo”, interagindo eroticamente com eles, procuramos avaliar como se dão as narrativas de diferentes percepções sensoriais decorrentes não só do seu envolvimento com a arte mas também de suas relações eróticas. Para desdobramento da presente proposta, investigamos, inicialmente, como a obra escolhida operacionaliza os modos de produção do erotismo, a exemplo das relações entre desejo, corpo, continuidade e descontinuidade. O agenciamento de uma escrita excessiva, convulsiva e vertiginosa, marcada pela multiplicação de significantes, de efeitos retóricos e outros procedimentos discursivos, levou-nos a analisar de que forma a vertigem, a desmedida e o excesso materializam-se na execução dos textos. Nesse percurso, analisamos a vivência erótica enquanto dispositivo que interroga padrões coercitivos e como instrumento que une corpo e texto, uma fusão que contribui, inclusive, para eliminar as fronteiras entre vida e arte. Por fim, buscamos verificar como a interseção entre diferentes linguagens artísticas é capaz de presentificar a linguagem do corpo na obra estudada. A investigação contou com uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo-interpretativo, na qual foram usados os pressupostos teóricos de Eliane Robert Moraes, Georges Bataille, Octavio Paz, Robert Stoller, Samira Chalhub, entre outros. O estudo mostrou, entre outras coisas, que o cunho erótico atribuído à estética santaniana não se deve, especificamente, por trazer a sexualidade para a cena da escrita, mas por tratar-se de uma narrativa cuja elaboração busca criar uma relação de completude entre o sujeito e sua arte, entre o artista e seu objeto de desejo.
Palavras-chave: Corpo; Texto; Estética; Erotismo; Sérgio Sant’Anna.
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