Enxergar o oculto: as coleções invisíveis de Zweig e Attal
Publicado: 01/02/2024 - 09:28
Última modificação: 01/02/2024 - 09:28
RESUMO:
No presente trabalho serão abordadas duas obras: a película A Coleção Invisível (Attal, 2013) e a novela “A coleção invisível: um episódio da inflação alemã” (Zweig, 2015 [1925]), contida no livro Novelas Insólitas, sendo a primeira uma adaptação da segunda. Grosso modo, em ambas as narrativas, temos um personagem em busca de obras de arte, movido por interesses pessoais, no primeiro caso Beto e, no segundo, o antiquário. Posteriormente, localiza-se um colecionador que poderia prover tais obras, Samir na película e Herwarth na novela. Todavia, o encontro culmina no contato com a coleção invisível, que dá nome ao texto fílmico e ao texto literário, e também com a cegueira dos colecionadores. A coleção assim é chamada pelo fato de o conjunto das obras de arte “real” ter sido vendido, embora o colecionador ainda acredite que ela se encontre diante de si. Destarte, após uma breve apresentação dessas obras, seguindo-se de apontamentos sobre adaptação, iniciaremos a abordagem de alguns conceitos atrelados à ideia da forma-mercadoria e da racionalização da produção para compreender o processo de mercantilização enquanto tentativa de objetivar o ato valorativo. Fantasmagoria, fetiche, aura, crises da narrativa e da experiência, percepção tátil e percepção visual serão alguns dos temas abordados para se pensar o processo de aceleração social a partir da modernidade e sua oposição ao tempo pré-moderno (Benjamin, 1987, 1989, 2009, 2012; Kehl, 2009; Marx, 2011; Stallybrass, 2008). Por conseguinte, abordar-se-á a desordem ocasionada pela extinção das estruturas espaço-temporais de estabilização da vida com esse processo de aceleração, buscando realizar um diagnóstico acerca dos fatores que colaboraram com esse estado de coisas, resultante dos avanços modernos. Serão, concomitantemente analisadas, novas tentativas de reestruturação da organização anteriormente perdida (Gagnebin, 2014; Malraux, 2011; Lipovetsky, Serroy, 2015; Barthes, 1984). Em última instância, a coleção enquanto regime que busca reunir e evitar a dispersão, que também busca ordenar a desordem do mundo, será contrastada com outros modos de ordenamento, no qual se apresenta como forma de anarquivo, resgatando o recalcado da história através da tentativa de remontar o passado partindo de seus fragmentos, agora não mais como um monumento arquivístico de outrora, visto que este reforça a visão teleológica e racional do decurso histórico e a pretensa objetividade no remonte das coisas “tais como se deram”, mas como modo de ler ou articular historicamente o passado (Baudrillard, 2004; Maciel, 2009; Derrida, 2001; Resende, 2020; Agamben, 2016; Bosi, 1995; Artières, 1998).
Palavras-chave: Coleção invisível; Classificação; Stefan Zweig; Bernard Attal; Experiência.
A banca de defesa ocorrerá por videoconferência. O link será encaminhado por e-mail à Comunicada Acadêmica. Caso alguém deseje o link, poderá solicitar por atendppgelit@ileel.ufu.br