Esther e Polaquinha: transgressão e prostituição nas narrativas de Moacyr Scliar e Dalton Trevisan
Publicado: 26/11/2021 - 11:39
Última modificação: 14/12/2021 - 10:42
RESUMO
A sexualidade feminina, ao longo dos séculos, tem sido alvo de controles e restrições de cunho patriarcal. De fato, embora haja pretensamente uma liberdade na abordagem dessa temática na contemporaneidade, ainda persistem tabus e interdições em diversos contextos, principalmente religiosos. Em meio a prescrições que determinam decoro e submissão para as mulheres, que devem se portar como “respeitáveis”, há, entretanto, aquela que, ao menos tecnicamente, possui a possibilidade de transgredir as normas sexuais de comportamento: a prostituta. Considerada como uma mulher corrompida, a qual deve se redimir de suas ações, a figura da prostituta é ocorrente em representações literárias de concepções moralistas. Em uma perspectiva distinta, apresentam-se as personagens Esther, de O ciclo das águas, do autor Moacyr Scliar, e Polaquinha, da obra A Polaquinha, de Dalton Trevisan. Essas protagonistas, pertencentes a distintos contextos históricos e socioculturais, têm pontos em comum, uma vez que foram levadas à prostituição devido ao estereótipo de polacas atribuído a elas (mulheres brancas, geralmente loiras, que foram escravas sexuais de redes internacionais de prostituição), além de desafiarem seus papéis de gênero em busca do prazer sexual. Desse modo, esta tese se propõe a analisar a figura da prostituta a partir das personagens Esther e Polaquinha, observando os aspectos de ambas as narrativas que dizem respeito à sexualidade feminina mercantilizada e, concomitantemente, às experiências eróticas que desencadeiam o empoderamento e a decadência das protagonistas. Elas tiveram o auge e a ruína no meretrício, mas, antes do declínio, resistiram às imposições e transgrediram os pressupostos determinados a elas na sociedade patriarcalista da qual vieram. Dessa forma, o estudo dessas obras citadas apresenta a possibilidade de se elucidar um tema permeado de estereótipos e estigmas; ademais, conhecer a trajetória dessas personagens prostitutas é também ter acesso às representações do feminino a partir da perspectiva da cultura ocidental e da tradição judaico-cristã, as quais ainda possuem, significativamente, uma visão misógina.
PALAVRAS-CHAVE: Feminino. Polacas. Prostituição. Transgressão.
A defesa será realizada por videoconferência, no endereço https://meet.google.com/uig-fgoz-nru.