Garranchos: política e alteridade nos gestos da escrita de Graciliano
Publicado: 01/02/2024 - 09:50
Última modificação: 01/02/2024 - 09:50
RESUMO
Antes mesmo de estrear como romancista, a pena de Graciliano Ramos foi exercitada, sobretudo, em jornais de Alagoas, seu estado natal, e do Rio de Janeiro. Apesar de extensa e regular, essa produção ainda provoca interesse incipiente no meio acadêmico, sendo pouco conhecida entre os leitores e menos valorizada pela crítica. O próprio autor, por sua vez, a tomava como produção cultural de margem em relação aos seus romances e memórias. Tratase de escritos breves, crônicas, contos, artigos, cartas e registros orais publicados em vários periódicos e revistas do país. Parte desse material escrito para a imprensa brasileira entre 1910 e 1950 foi organizado em livro pela primeira vez pelo pesquisador Thiago Mio Salla e compõe Garranchos: textos inéditos de Graciliano Ramos. A coletânea apresenta aos leitores e pesquisadores um material múltiplo e vasto, a figura plural – intelectual, ensaísta, cronista, romancista, político – e as distintas figurações do escritor. Para a pesquisa foram selecionados crônicas, artigos e discursos que nos propiciou explorar uma faceta ainda pouco conhecida de pesquisadores e leitores do escritor alagoano: a do intelectual e militante disciplinado do Partido Comunista Brasileiro. A pesquisa buscou mostrar como esses textos colaboram para o enriquecimento crítico-analítico da obra deixada por ele. Foi propósito ainda verificar como, nos textos de Garranchos, o escritor alagoano elabora a preocupação com o outro - o subalternizado, o proletário, a mulher, o sertanejo -, bem como ampliar possibilidades de leitura e compreensão do papel desempenhado por Graciliano Ramos como artista e intelectual no complexo cenário político-cultural brasileiro da primeira metade do século 20.
Palavras-chave: Graciliano Ramos. Garranchos. Não ficção. Política. Alteridade. Mediação intelectual.