Lilith entre a Profanação e a Paródia: Uma Leitura de Caim de Saramago
Publicado: 08/02/2021 - 20:23
Última modificação: 08/02/2021 - 20:23
Esta dissertação tem como objetivo analisar a personagem Lilith, figura subversiva do imaginário judaico, ressignificada por José Saramago na obra Caim (2009). O autor utilizou-se do recurso literário da paródia para desconstruir as escrituras sagradas, provocando-nos reflexões acerca de temas como: a posição da mulher na sociedade ocidental, a importância dos marginalizados e as faces do Deus postulado pelo Antigo Testamento. Essas temáticas serviram como matéria-prima para o estudo da paródia e profanação na obra. O foco é dirigido para as transfigurações profanas da figura mítica judaica Lilith, presentes na obra, livres dos dogmas da religião. Tradicionalmente conhecida por carregar um aspecto negativo devido ao seu caráter insubmisso, o mito de Lilith atravessa séculos e, na contemporaneidade, vem sendo retomado em outros gêneros literários como quadrinhos, pinturas e fílmes, sobretudo por representar a alegoria da resistência feminina no enfrentamento ao patriarcado e ao machismo. A pesquisa está dividida em três capítulos. No primeiro capítulo, resgatamos aspectos da vida e da obra de Saramago, verificando seus questionamentos sobre os parâmetros impostos por um sistema religioso que ele considerava contraditório, tendo em vista que muitas barbáries foram cometidas em nome de Deus. O ponto que nos instiga é a focalização das construções das personagens femininas nos romances saramaguianos. No segundo capítulo, fizemos um levantamento sobre as origens do mito de Lilith, abordando desde as primeiras manifestações nas antigas civilizações até as reverberações na contemporaneidade, seja na literatura, seja nas artes plásticas e no cinema. No terceiro e último capítulo, analisamos a personagem Lilith, face seu conteúdo mítico e sua adaptação feita por Saramago, tendo como fundamentação teórica Uma teoria da paródia (1985), de Linda Hutcheon; A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais (1987), de Mikhail Bakthtin; e Paródia, paráfrase & cia (1988), de Affonso Romano de Sant’Anna, compreendendo a paródia – seus mecanismos e estratégias – como recurso intertextual, no qual um texto considerado sagrado e inquestionável é transposto para um gênero cômico, profano e ridicularizador, bem como a importância do mito de Lilith na (re)construção do lugar que lhe foi renegado no contexto histórico bíblico.
Palavras-chave: Lilith. Saramago. Paródia. Profanação.
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