RESUMO Na obra Vésperas, escrita em 2002, a escritora catarinense Adriana Lunardi constrói personagens femininas com base em autoras que compuseram o cenário literário nos últimos séculos, entre elas Virginia Woolf, Dorothy Parker, Clarice Lispector, Ana Cristina Cesar, Sidonie-Gabrielle Colette, Katherine Mansfield, Sylvia Plath, Zelda Fitzgerald e Júlia da Costa. Lunardi ficcionaliza e cria contos que abordam as angústias que cada uma delas pode ter enfrentado em seus últimos instantes de vida e entrecruza esses momentos derradeiros com outras vidas e situações. Para desenvolver essa tese, foram discutidas a relação entre literatura e história na contemporaneidade, o conceito de biografia como aporte para a construção ficcional e a temática da morte. Além disso, foram analisadas a polifonia presente nas narrativas e as relações intertextuais e dialógicas com o intuito de entendermos Vésperas como uma obra curatorial polifônica. Como aporte teórico principal, usamos as obras de Bakhtin (2018a; 2018b), Lejeune (2014), Schollhammer (2011), Benjamin (2012), Kristeva (2005), Bloom (1991), Genette (1987;1989), Azevedo (2018), Villa-Forte (2018; 2019), Hutcheon (1991), Ariès (2003; 2014), Minois (2018;2019), Morin (1997) e Sontag (1984) com o objetivo de definir o que chamamos de curadoria polifônica, conceito que sustenta esta tese. Os estudos teórico-científicos sobre a biografia, a intertextualidade, a polifonia, a memória e a curadoria têm como objetivo de compreender as diversas vozes nas narrativas, além de discutir os processos de ficcionalização de personagens, uma vez que foram retratados os momentos finais revisitados de cada uma das escritoras que compõem os contos de Lunardi.

PALAVRAS-CHAVE: Vésperas; Memória; Polifonia; Intertextualidade; Curadoria polifônica