O projeto estético de Graciliano Ramos: por uma literatura sem adjetivos
Publicado: 24/02/2021 - 13:42
Última modificação: 24/02/2021 - 13:42
Graciliano Ramos é figura autoral destacada no cânone da literatura brasileira, conhecido por suas narrativas destinadas aos adultos, como Vidas secas, São Bernado, Infância, Angústia, Memórias do cárcere, obras essas amplamente lidas pelo público e estudadas pelos críticos. Em contrapartida à grande difusão de sua obra direcionada aos adultos, observamos um certo silenciamento por parte da crítica em relação às suas narrativas que foram destinadas às crianças, como A terra dos meninos pelados, Histórias de Alexandre e Pequena História da República e os contos “Luciana” e “Minsk” que estão no livro Angústia. Refletindo, portanto, acerca desse silenciamento e de algumas críticas que tentam desprestigiar as narrativas escritas por Graciliano Ramos que foram destinadas à infância, esta tese possui o objetivo de demonstrar que Ramos apresenta aos seus leitores um projeto estético coerente em se tratando da sintonia do tratamento estético das obras destinadas aos adultos e às crianças. Para isso, teremos como obra propulsora das nossas reflexões acerca da concepção de literatura infantil a narrativa Infância, visto que será a partir dela que faremos análise e contraponto com a história da literatura infantil brasileira, mostrando como o autor deixou impressos, de forma literária, vestígios de sua compreensão acerca da literatura escolar e da literatura infantil. Como arcabouço teórico acerca da literatura infantil, utilizaremos as noções propostas pelos estudiosos Marisa Lajolo, Regina Zilberman, Ligia Cademartori Magalhães, Maria Antonieta Antunes Cunha, Jesualdo Sosa, Marisa Martins Gama-Khalil, Peter Hunt, Edmir Perrotti, entre outros. Após esse percurso, realizaremos uma análise de todas as narrativas de Graciliano Ramos destinadas às crianças, porque até o momento ainda não há nenhum estudo sistematizado nesse sentido e, com isso, pretendemos descortinar a qualidade estética de cada uma dessas narrativas, colocando em relevo questões inerentes ao sujeito e ao espaço ficcional, bem como às ambiências fantásticas das narrativas que compõem o corpus de estudo. Para realizar nossas análises, usaremos as noções teóricas sobre espaço de Gaston Bachelard, Yi-Fu Tuan e Michel Foucault. Ao que concerne a literatura fantástica, utilizaremos as teorias propostas por Remo Ceserani, Filipe Furtado, Lenira Marques Covizzi, Gama-Khalil, além das noções de dessubjetivação e subjetivação de Michel Foucault. Para finalizar, no último capítulo, faremos um breve percurso sobre as narrativas de Graciliano Ramos direcionadas aos adultos, mostrando pontos de contato e afastamento com a narrativas destinadas às crianças, comprovando, portanto, a nossa hipótese inicial de que Ramos ao escrever livros para crianças e adultos apresenta os mesmos princípios literários em seus textos para ambos os públicos. Há, portanto, uma coerência na feitura do projeto estético, o qual é marcado significativamente por um agir ético e estético.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura infantil; Graciliano Ramos; Projeto estético; Literatura brasileira.
Anexo | Tamanho |
---|---|
Convite Lilliân Borges com Link Videoconferência | 260.78 KB |