O teor testemunhal da poesia de guerra de Carlos Drummond de Andrade
Publicado: 30/03/2021 - 09:56
Última modificação: 30/03/2021 - 09:56
RESUMO
Conhecido como era da máquina, da luz elétrica, da velocidade, o século XX foi marcado por grandes invenções, conferindo ao homem a sensação de poder. Na arte, a Revolução Cultural do Modernismo, buscando assimilação e sincronização com as vanguardas europeias, dissolvia as fronteiras. Entretanto, é praticamente impossível aludir a essa época sem também mencionar os horrores das guerras, sejam eles narrados em depoimentos de quem se envolveu nos conflitos, sejam eles traduzidos pelos testemunhos daqueles que os acompanharam pelo rádio, por cartas ou telegramas. Nesse viés, as manifestações artísticas, em especial, tornam-se canais por onde se externam os impactos e os traumas causados por aquelas. Logo, os fatos que marcaram a II Grande Guerra encontram-se refletidos em obras de muitos escritores modernistas e contemporâneos. Entre eles, chama-nos a especial atenção o poeta Carlos Drummond de Andrade. Nosso propósito, portanto, é analisar cinco poemas desse escritor, contidos em “A Rosa do Povo”, e examinar as imagens poéticas que traduzem as impressões e os sentimentos de um poeta que não presenciou a guerra, evidenciando a tensão presença X representação. Assim, por meio do reconhecimento das particularidades temáticas e estilísticas desse poeta, em suas poesias que abordam a II Guerra Mundial, sobretudo pela análise dos poemas “Notícias”, “Telegrama de Moscou”, “Carta a Stalingrado”, “Visão 1944” e “Com o Russo em Berlim”, de A Rosa do Povo, pretendemos verificar como a poesia de Drummond se aproxima da realidade europeia de guerra; quais são as imagens de um poeta que não presenciou a guerra; de que forma a poesia contempla o desejo do poeta de compartilhar o sofrimento daqueles que vivenciaram a guerra. Essas questões podem ser respaldadas pela temática de poetas que presenciaram a guerra, como Paul Celan, e seus poemas acerca do referido tema, mais especificamente “Fuga da morte”. Identificaremos, ainda, as diferentes percepções dos poetas e os elementos temáticos reincidentes em suas poesias, que marcam a relação literatura e guerra, considerando os referenciais da presença e da representação. Para tanto, selecionamos, sobretudo, como referencial teórico, os estudiosos Walter Benjamin, Theodor W. Adorno, Eric Hobsbawm, Northrop Frye, Anthony Giddens, Tiphaine Samoyault, Alfredo Bosi, Antonio Cândido, Ivan Junqueira, José Guilherme Merquior, Murilo Marcondes de Moura, Iumna Maria Simon, Jaime Ginzburg, Afonso Romano de Sant’Anna, Betina Bischoff, Vagner Camilo, Márcio Seligmann-Silva, Claudio Guillén, Sandra Nitrini, Flávio Kothe e Modesto Carone.
Palavras-chave: Carlos Drummond de Andrade, poesia de guerra, teor testemunhal, presença e representação.
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