Os doces beijos de Juvêncio: o epigrama pederástico e sua reverberação em catulo
Publicado: 19/05/2021 - 22:37
Última modificação: 19/05/2021 - 23:22
RESUMO
Com foco nos poemas do assim chamado Ciclo de Juvêncio, textos pederásticos ou homoeróticos ou, se se quiser ainda, dedicados à Musa puerilis, compostos por Catulo no século I a.C, esta dissertação apresenta um estudo da poética pederástica catuliana, que atualiza o tema inaugurado pelos helenísticos. Trata-se de dez poemas d’O Livro de Catulo – 15, 16, 21, 23, 24, 26, 40, 48, 81 e 99. O objetivo é discutir, a partir de uma análise dos referidos poemas, dois pontos fundamentais, quais sejam: a) o modo como o poeta acomoda (ou emula) em latim temática já recorrente em poetas epigramáticos gregos praticantes da mousa paidiké, como Calímaco, Meleagro e Asclepíades de Samos, hoje compilados no décimo segundo livro da Antologia Palatina e b) como os poemas do Ciclo, em sua res ficta, mimetizam, nos papéis sexuais desempenhados pelos amantes, as relativas posições sociais ocupadas pelas personagens, levando em consideração a configuração social romana da época tardo-republicana. Para isso, recorremos ao estudo, primeiro, da epigramática amorosa entre os helenísticos, entendendo, também, como o epigrama se constitui enquanto gênero literário. Depois, ofeceremos um panorama da produção catuliana enquanto emulatória da poética alexandrina, especialmente a calimaquiana. Por fim, tratamos das relações entre amator e puer delicatus em Roma e finalizamos com a análise efetiva dos poemas pederásticos de Catulo, a partir de comentários verso a verso de cada texto da coletânea.
Palavras-chave: epigrama pederástico; pederastia; emulação; Ciclo de Juvêncio; Catulo.