RESUMO

Por que falar sobre a Shoah? Mais especificamente, por que falar de poesia e pintura sobre a Shoah? Por que alinhavar artes que trazem um tema angustiante e triste e, a partir delas, tecer diálogos? A resposta se encontra em única palavra hebraica: “Zakhor”, ou lembra-te! Um crime envolto em tamanha crueldade, praticado por um exército hipnotizado por um líder revestido do mal, não pode ser esquecido. Para tanto, esta tese elege dois objetos distintos, o poema “Balada dos Mortos dos Campos de Concentração” (1946), do poeta brasileiro Vinícius de Moraes, e a tela Campos de Concentração (1945), do pintor lituano Lasar Segall, obras de arte que se entrecruzam no liame da denúncia e da reflexão. São apresentadas as trajetórias de vida e obra dos dois artistas, ancoradas por biógrafos, de modo a investigar os caminhos percorridos por ambos e as zonas de intersecção existentes entre eles. Concomitante, questões importantes são investigadas, como a face desconhecida de Moraes, sua visão sobre a arte de Segall, o Expressionismo e sua manifestação nas obras do pintor lituano, entre outras questões. São explorados também os três pilares de sustentação da tese, ao tratarmos sobre antissemitismo, Campos de Concentração e guerra, amparados por estudiosos de variadas áreas do conhecimento, como, por exemplo, a Historiografia, a Psicanálise e a Filosofia. Tais pesquisas, repletas de meandros, ampliam o prisma de análise para que o corpus possa ser trabalhado. Por fim, no diálogo entre ambas as obras de arte, a fenomenologia bachelardiana constituirá uma ferramenta importante de interpretação das imagens e símbolos contidos nos objetos. A questão do olhar mostra-se como fio condutor das investigações, sendo buscados relatos memoriais, os quais enriquecem os diálogos propostos.

Palavras-chave: Vinícius de Moraes; Lasar Segall; Shoah; Campos de Concentração; Antissemitismo.

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