Pensar a poesia permutante: Julio Cortázar com Arnaldo Antunes
Publicado: 01/02/2024 - 09:05
Última modificação: 01/02/2024 - 09:06
RESUMO
Pensar a poesia permutante consiste em trabalhar com a ideia do jogo presente em duas unidades básicas: uma, no romance O jogo da amarelinha de Julio Cortázar e, em outra, no livro de poemas 2 ou + corpos no mesmo espaço de Arnaldo Antunes. O propósito é analisar as permutações possíveis para verificar as pontes lógicas, sintáticas, rítmicas entre o romance de Julio Cortázar e a poesia de Arnaldo Antunes, fato que sugere perscrutar a materialidade linguística em sua varredura pelos limites fronteiriços das Artes, uma vez que em ambos é notável este trânsito. A intenção é respeitar uma ordem que vislumbre uma reflexão teórica-filosófica-literária sobre pontos de contato que potencializam a concepção de jogo como ingrediente sedutor para a liberdade, seriedade e regência do mapeamento performático do espaço de atuação – a cidade literária. Indicar a precisão de um sistema permutante que conecte a performance da poesia à performance da prosa significa apontar a importância de blocos temáticos de estudos sobre operações técnicas-artísticas que se inspiraram no intercâmbio entre História, Filosofia, Literatura e Artes ao incluir a palavra como ferramenta/conteúdo do objeto artístico, e como tonalidade fundamental para um campo experimental. Dessa forma, tem-se os seguintes questionamentos: primeiro, a performance compreendida como atuação e abertura para uma nova realidade de leitura (em que o observador é parte importante do processo) pode, realmente, ser considerada fator determinante para a participação ativa do leitor? Segue o segundo questionamento que complementa o primeiro: a ordem fragmentária, própria de algumas propostas das Artes Visuais, que põe em relevo colagens, justaposições e sobreposições, possibilita o desenvolvimento da escrita de um texto original e coopera para a afirmação de que a literatura pode ser coextensiva com outras artes? As duas questões anteriores remetem à centralidade de toda essa trajetória: pensar a poesia como um sistema permutante que viabiliza entreligar a relação entre poesia e prosa permitirá ao leitor reconhecer como o poema pensa as coisas, e como essas coisas podem se tornar o espelho de certa realidade? A pontualidade teórica parte dos instrumentos de trabalho dos escritores: publicações vistas como elementos indispensáveis para o estudo da obra e da visão literária; segue se comunicando com os estudos sobre a correspondência das Artes, elaborados por Étienne Souriau; a literatura percebida nos limites de um campo experimental, como máquina performática, por Gonzalo Aguilar e Mario Cámara; as noções de jogo de Johan Huizinga e de Martin Heidegger oferecem modelos para o saber com propriedade de dignidade antropológica e fenomenológica; Gilles Deleuze/Félix Guattari, Maurice Merleau-Ponty, Vilém Flusser, Werner Heisenberg tecem a base para a relação entre Literatura, Poesia, Física e Filosofia. Teorias que entrecruzam desempenho/estrutura/invenção/atenção filosófica, histórica e literária segundo o mesmo nível de seriedade, brincadeira e comprometimento dedicado na ambientação cartográfica para o jogo, no qual a relação entre processo e resultado se guiará pela ordem inusitada sugerida por Julio Cortázar: “jugar poesia es jugar a pleno”.
Palavras-chave: Julio Cortázar; Arnaldo Antunes; poesia; performance; jogo.
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