Percepções, Sensações e Sentimentos da Morte: leitura e atualização do olhar sobre a criança em textos da literatura brasileira
Publicado: 14/08/2024 - 09:44
Última modificação: 14/08/2024 - 09:44
RESUMO
Não é incomum que personagens infantis possam ser encontrados em obras da literatura brasileira, sendo elas voltadas ou não ao público infantil. No entanto, as escolhas realizadas nos diferentes contextos de criação desses personagens carregam grande complexidade, envolvendo uma gama de fatores que merecem reflexão. Assim, o presente trabalho possui como objetivo analisar como alguns autores do século XX – importante momento de tranformação para a sociedade brasileira, inclusive no que diz respeito à legislação responsável por resguardar a criança e a infância - foram capazes de diferentes representações de personagens infantis em seus projetos estéticos, associados a experiências que remetam à morte como a guerra e o trauma. Sob a perspectiva teórico-crítica de Wolfgang Iser (2011), na qual estabelece a noção entre o jogo e a representação, se procederá a uma leitura crítico/reflexiva, visando à atualização do olhar sobre a criança representada no corpora literário selecionado nas obras A chave do tamanho (2021) , de Monteiro Lobato, Éramos Seis (2012), de Maria José Duprè e nos contos Olhos de fogo (1981) e A mulher das mangabas (1974), ambos de Antonio Carlos Viana. Tendo em vista que essas obras apresentam personagens infantis, a pesquisa objetiva também observar as escolhas representativas feitas pelos autores, frente a seus próprios contextos de produção, avaliando variantes como momento histórico, público alvo e as temáticas que cada autor relaciona à figura da criança nas obras mencionadas. Ao longo da pesquisa, investiga-se, ainda, os recursos composicionais que essas narrativas utilizam para driblar os instrumentos de controle do imaginário, conforme terminologia de Luiz Costa Lima, em A Trilogia do Controle (2007), ao associar a figura da criança a temáticas como a perda, a morte e autodescoberta, em processos de subjetivação, conforme refletiremos a partir das teorias de Michel Foucault acerca dos mecanismos de controle do sujeito em Microfísica do Poder (2001). Utilizaremos, também da teoria de Ariès (1981) para compreender a construção histórica da figura da criança, fazendo contrapontos com alguns momentos da legislação brasileira ao longo do século XX, buscando aclarar as relações existentes entre representação do elemento infantil, imaginário e poder nos recortes selecionados.
Palavras-Chave: Criança; Morte; Imaginário; Representação; Literatura Brasileira.