Sinalitura: proposta teórica e análise crítica da Literatura Surda.
Publicado: 06/02/2022 - 22:20
Última modificação: 21/02/2022 - 21:24
RESUMO
Atualmente, nota-se uma carência de estudos na área de literatura criada e/ou acessível ao surdo e contribuir com a proposta de saná-la é uma das tarefas desta tese. Por isso, a pesquisa que engendro tem como objetivo principal problematizar o termo e o conceito de ―Literatura Surda‖ e criar uma nova noção, atribuindo às criações de surdos, para surdos ou acessíveis visualmente a eles o nome de ―Sinalitura‖. Diferentemente do que apregoam os teóricos hegemônicos da Literatura Surda, o que define a literatura é o discurso estético e não o utilitário, tanto o é que as obras elencadas para análise desta tese são contos nos quais há o universo maravilhoso. Além disso, analiso as obras Cinderela Surda (2011), Rapunzel Surda (2005), A cigarra surda e as formigas (2004), Adão e Eva (2011b), Patinho Surdo (2011c), A Fábula da Arca de Noé (2014) e A Princesinha Surda (2021) a partir do viés da intertextualidade, da adaptação e da visualidade (ilustrações), averiguando se são inteligíveis ao surdo e pertencentes à Literatura Surda e/ou à Sinalitura. Ademais, verifico o que elas trazem como elementos do que se nomeia de cultura surda e de uma suposta ―cultura ouvinte‖, identificando, então, o público ao qual se destinam. Para exemplificar o que nomeio de Sinalitura, analiso duas obras: Tibi e Joca (2001) e Casal Feliz (2010). Com relação aos textos não considerados Literatura Surda, trago como exemplo A Família Sol, Lá, Si (2008a) e O canto de Bento (2008b), demonstrando que são, sim, pertencentes a essa categoria. Para cumprir com os objetivos propostos escolhi as investigações de Lodenir Karnopp (2006, 2008, 2010), Cláudio Mourão (2011, 2016), Jaqueline Boldo (2015), Fabiano Rosa (2011a), sobre a Literatura Surda; acerca de literatura, conto e estética selecionei Roland Barthes (2007), Antonio Candido (2011), Edmir Perrotti (1986), Marta Morgado (2011, 2013), Nelly Coelho (2000) e André Jolles (1976); concernente à performance, elenquei a obra de Paul Zumthor (2007); sobre as ilustrações e a visualidade, elegi os textos de Luís Camargo (1995), Sophie Linden (2011) e Maria Nikolajeva e Carole Scott (2011); sobre adaptação e intertextualidade, utilizo as obras de Linda Hutcheon (2011) e Julia Kristeva (2012). Sobre a especificidade do fantástico, elegi os estudos de José Paulo Paes (1985), Tzvetan Todorov (2004), Filipe Furtado (1980, 2009), David Roas (2001) e Lenira Covvizi (1978). Sobre cultura e identidade, elenco as obras de Stuart Hall (2006), Márcia Goldfeld (2002) e Luiz Carvalho (2019). Percebi que a Literatura Surda nem sempre pode ser lida por um surdo sem a presença de um tradutor/intérprete de língua de sinais. Por isso, entendo como Sinalitura a obra que tenha estética e que seja visualmente entendível para que ele a frua de forma autônoma.
PALAVRAS-CHAVE: Sinalitura. Surdo. Literatura. Literatura Surda.
Devido à Pandemia, considerando a Resolução N° 06/2020 do Conselho de Pesquisa e Pós-geraduação, a defesa será realizada por videoconferência , no endereço eletrônico a ser informado.